Vigilância Sentinela é instrumento fundamental na localização e contenção de vírus no Paraná 16/04/2020 - 11:30

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O primeiro caso de transmissão comunitária da Covid-19 foi detectado em Campo Mourão. O sistema Sentinela, método avançado de vigilância epidemiológica no Paraná, e reconhecido pelo Ministério da Saúde como um dos principais do Brasil, monitora a circulação de vírus em uma Pesquisa de Vírus Respiratórios.

Desde o dia 25 de março, foi incluído o teste para detecção do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no painel de exames das amostras Sentinelas realizado pelo Laboratório Central do Estado no Paraná (Lacen-PR). “Destacamos que a inclusão desse teste específico possibilitou a verificação da transmissão comunitária no Paraná. Uma das amostras coletadas aleatoriamente em Campo Mourão detectou a presença de SARS-CoV-2. Por isso, agora podemos afirmar, o nosso Estado tem transmissão comunitária, mas estamos muito atentos e atuando fortemente na vigilância”, comenta Beto Preto.

A Pesquisa de Vírus Respiratório é realizada com as amostras de secreção respiratória enviadas pelas unidades Sentinelas de todo o Estado e os exames incluem a verificação de sete diferentes vírus, entre eles o da Influenza. Com esse painel em cada amostra, são gerados os resultados que apontam onde há vírus circulante, se é possível identificar o contágio e tendências que desencadeiam ações campanhas de vacinação.

As Sentinelas propiciam a identificação dos vírus e como se dá a ampliação da contaminação geográfica de uma doença. Na situação pandêmica pela Covid-19, o paciente que teve a confirmação do novo coronavírus na amostra foi consultado para verificar todo o histórico de dias anteriores para eliminar o contágio importado.

A transmissão de uma forma comunitária se diferencia da não comunitária pela possível origem do contágio. A chefe da divisão de Vigilância de Doenças Transmissíveis da Sesa, Rosana Piler, afirma que o rastreio do histórico é o que diferencia. “Nos pacientes confirmados com contatos e histórico bem definido é possível identificar a fonte da contaminação. Se uma amostra de uma das unidades Sentinela aponta resultado positivo para o novo coronavírus, como o caso de Campo Mourão, podemos caracterizar como transmissão comunitária”.

SENTINELAS - Há mais de uma década a busca por uma forma de prever e agir frente a novas epidemias fez o sistema de vigilância epidemiológica mundial estruturar uma rede de pontos de coleta para monitoramento, são as unidades sentinelas. Instaladas em todo o país, e de responsabilidade e execução dos governos estaduais, a Rede de Vigilância em Influenza do Ministério da Saúde atua reunindo dados e informações sobre os vírus que estão transmitindo doenças no Brasil. As informações são compartilhadas com a Rede Mundial de Vigilância Organização Mundial da Saúde (OMS), que regula, instrui e orienta situações de doenças em todo o mundo.

“Aprendemos com a pandemia da Influenza que é possível acompanhar e prever como se comporta a evolução e até onde pode ir o alcance das doenças. Instalamos no Estado uma rede ampla e bem ajustada que trabalha fortemente na vigilância de Síndromes Gripais (SG) e Síndromes Respiratórias Agudas (SRAG)”, explica o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto.

Cada uma das unidades Sentinela coleta semanalmente cinco amostras de secreção respiratória de pacientes que procuram atendimento com sintomas leves de Síndromes Gripais (SG). Estas Sentinelas funcionam normalmente ligadas às Unidades de Pronto Atendimento. O outro tipo de unidade Sentinela é a de Vigilância de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), instaladas em hospitais e unidades que tenham pacientes internados. Todos os pacientes que estão internados em Unidades de Terapia Intensiva com sintomas de SRAG têm material recolhido para realização de testes. Outra possibilidade de coleta, menos rotineira, mas também possível, é a de paciente que foi a óbito na residência, caso o histórico de saúde apresente sintomas respiratórios graves.

A constante coleta de amostras e realização de testes é uma forma de avaliar quais vírus e qual o alcance territorial. “O objetivo principal é monitorar os atendimentos por Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave e avaliarmos a circulação dos principais vírus responsáveis por infecções aguda do sistema respiratório na comunidade”, explica a coordenadora de Epidemiologia da Sesa, Acácia Nasr.

Todas as amostras de secreção respiratória são enviadas ao Lacen para análise e posterior mapeamento da circulação viral no Paraná pela equipe de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde. Os resultados são encaminhados para o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP/Ministério da Saúde) para compor o panorama do país.