Esporotricose

Esporotricose Humana (CID-10: B42) – Notificação Individual – Notificação/ Conclusão (SINAN)

Esporotricose Animal – Ficha de Epizootia (SINAN)

 

A esporotricose é uma doença caracterizada por lesões na pele causada pelo fungo do gênero Sporothrix, podendo ser de origem ambiental (sapronótica) ou de origem animal (zoonótica – Sporothrix brasiliensis).

 

Transmissão e manifestações clínicas

A transmissão sapronótica ocorre pelo contato do fungo presente no ambiente com a pele ou mucosa através de lesões com matéria de origem vegetal e seus subprodutos ou do solo, como por exemplo, traumas decorrentes de acidentes com espinhos. A lesão será porta de entrada para o fungo.

 

Na transmissão zoonótica o principal reservatório e fonte de infecção para o homem e para outros animais, é o gato doméstico (Felis catus). A contaminação do homem ocorre principalmente através do contato direto com as lesões, arranhadura e mordedura do animal doente. Na maioria das vezes surge uma lesão avermelhada no local do ferimento causado pelo gato, que pode aumentar de tamanho, ulcerar e poderá vir acompanhada de outras lesões enfileiradas (Linfocutâneas).

Não ocorre transmissão entre humanos.

A principal forma de contaminação do gato doméstico é através de brigas e traumas com outros gatos contaminados, além disso, o animal também poderá ser infectado através do ambiente contaminado. No animal a doença também apresenta nódulos e úlceras, na forma de lesão única ou múltiplas lesões ulceradas principalmente na região da cabeça, cauda e patas podendo progredir para o restante do corpo.

Cães raramente adoecem, mas pode acontecer pelo contato com gato doente, entretanto dificilmente transmitirá a doença ao homem e a outros animais.

 

 

Diagnóstico

Humano: O diagnóstico é feito por meio do reconhecimento da lesão por um médico e confirmado laboratorialmente pela identificação do fungo no material colhido na lesão ou confirmado a partir de critério clínico epidemiológico onde há um vínculo epidemiológico com o animal doente.

Importante ressaltar que, a carga fúngica em humanos, é baixa, podendo resultar em falso negativo em algumas análises laboratoriais.

Animal: Também poderá ser utilizado critérios laboratoriais ou clínico epidemiológico, conforme estabelecido na Nota Técnica Conjunta nº6/ 2023, entretanto assim como em humanos, nos cães a carga fúngica poderá ser muito baixa, podendo resultar em falso negativo, dependendo do método laboratorial utilizado.

 

Tratamento

Humano: Segundo o Guia de Vigilância do Ministério da Saúde (Brasil, 2022) o fármaco de escolha é o Itraconazol e com dose e tempo de tratamento variando de acordo com os critérios estabelecido pelo Ministério da Saúde (Figura 01).

tabela

 

Em estágios avançados da doença, com múltiplas e graves lesões a indicação deve ser avaliada criteriosamente pelo médico.

Animal: O animal deverá ser avaliado por um médico veterinário, em casos graves a doença pode levar o animal à morte. O medicamento amplamente utilizado é o Itraconazol (Gremião et al. 2020).

 

O tratamento deve ser completo e sem interrupções, para que se alcance bons resultados, tanto no homem quanto nos animais.

 

Prevenção e controle

  • Manter os animais saudáveis sob responsabilidade do proprietário ou tutor e domiciliados, evitando o contato com outros animais contaminados e a transmissão da doença. Animais que já foram tratados e curados podem pegar a doença de novo;
  • Recomenda-se, castração de gatos e gatas saudáveis para diminuir as saídas à rua e a possibilidade de transmissão da doença;

  • Usar Equipamentos de Proteção Individual (EPI) como luvas, óculos e outros ao manipular gatos doentes;

  • Gatos em tratamento devem ser mantidos em local seguro e isolado, o ambiente deverá ser limpo com água sanitária, no mínimo diariamente;

  • Durante todo o tratamento, o animal poderá transmitir a doença ao proprietário;

  • Cremar os animais mortos. É importante não enterrá-los, jogá-los no lixo ou rios, pois o fungo sobrevive na natureza e poderá posteriormente contaminar outros animais;

  • Pessoas que possuam gatos domésticos deverão levá-lo ao veterinário o mais rápido possível após notarem lesões de pele, principalmente nas patas, face e cabeça;

  • Nos casos de animais de vida livre/ de rua que apresentem sintomas relacionados com a doença, o cidadão ou profissional da saúde deverá informar a Vigilância em Saúde Municipal.

 

Características epidemiológicas

No Brasil, o primeiro caso reportado de esporotricose zoonótica (gato-humano) foi em 1955 (Rodrigues et al. 2020), a partir da década de 1990 houve uma explosão de casos felinos no município do Rio de Janeiro e desde os anos 2000 houve relatos no estado do Paraná (Rodrigues et al. 2022) (Figura 01). Já para a doença em humanos, até 2019, com exceção de Roraima, todos os estados brasileiros já apresentam casos de esporotricose humana (Rodrigues et al. 2020) (Figura 02).

 

Figura 01. Panorama da esporotricose felina no Brasil a partir dos anos 50 até 2022.

MAPA

Fonte: Rodrigues et al. 2022

Figura 02. Panorama dos casos de esporotricose humana e felina no Brasil em 2019.

MAPA 2

Fonte: Rodrigues et al. 2020

 

DÚVIDAS FREQUENTES:

1. Esporotricose humana e animal tem cura?

Sim, a esporotricose tem tratamento e pode ser curada. Nos casos humanos recomenda-se para o tratamento seguir o Guia de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Nos casos animais, é muito importante que o animal seja acompanhado por um veterinário durante todo o tratamento e quanto antes o animal for diagnosticado e tratado, menor é o risco de transmissão para outros animais e pessoas.

 

2. É possível que um gato doente contamine outros animais e pessoas que convivem no mesmo ambiente, como uma casa, quintal ou apartamento?

Sim. Por isso, é recomendado o isolamento em um ambiente próprio do gato doente, separando-o do contato com outros animais, para que receba os cuidados de que necessita sem comprometer a saúde dos tutores e outros animais da casa.

 

3. No caso da morte do animal o que deverá ser feito com o corpo do animal?

Devido o potencial de contaminação do meio ambiente o animal deverá ser cremado/incinerado. Não enterrar/sepultar ou descartar em vias públicas, rios entre outros, uma vez que o fungo pode ser espalhar pelo ambiente sendo introduzido novamente no ciclo de contágio, contaminando outros animais.

 

INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

No estado do Paraná, a esporotricose humana e animal é de interesse estadual e de notificação compulsória (Resolução SESA nº93/2022).

A ocorrência de zoonoses em animais deverá ser notificada imediatamente à autoridade sanitária. Portanto, sempre que houver indícios de animais com esporotricose a população em geral e as autoridades competentes deverão informar a Vigilância em Saúde do município para que seja adotada medidas de controle pertinentes. E todos os casos suspeitos e/ou confirmados de Esporotricose precisam ser notificados às Vigilâncias Municipais de Saúde.

 

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