Acidentes por animais peçonhentos

O que são animais peçonhentos?

 

Animais peçonhentos são aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições naturais para injetá-la em presas ou predadores. Essa condição é dada naturalmente por meio de dentes modificados, aguilhão, ferrão, quelíceras, cerdas urticantes, nematocistos entre outros.

Os animais peçonhentos que mais causam acidentes no Brasil são algumas espécies de:

  • serpentes;
  • escorpiões;
  • aranhas;
  • lepidópteros (mariposas e suas larvas);
  • himenópteros (abelhas, formigas e vespas);
  • coleópteros (besouros);
  • quilópodes (lacraias);
  • peixes;
  • cnidários (águas-vivas e caravelas).

Esses animais possuem presas, ferrões, cerdas, espinhos entre outros, capazes de envenenar as vítimas.

 

CUIDADO: Os animais peçonhentos podem MATAR

 


 

Acidentes por animais peçonhentos

 

Os acidentes por animais peçonhentos, especialmente os acidentes ofídicos, foram incluídos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria das vezes, populações pobres que vivem em áreas rurais. 

Além disso, devido ao alto número de notificações, esse agravo (acidentes por animais peçonhentos) foi incluído na Lista de Notificação Compulsória do Brasil, ou seja, todos os casos devem ser notificados ao Governo Federal imediatamente após a confirmação. A medida ajuda a traçar estratégias e ações para prevenir esse tipo de acidente.

 

IMPORTANTE:  Animais peçonhentos gostam de ambientes quentes e úmidos e são encontrados em matas fechadas, trilhas e próximo a residências com lixo acumulado. Manter a higiene do local é evitar acúmulo de coisas é a melhor forma de prevenir acidentes.

 

Acesso Rápido

 

Acidente por serpentes

 

Acidentes por aranhas

 

Acidentes por escorpião

 

Acidentes por lagartas e mariposas

 

Acidentes por abelhas

 

Acidentes por águas-vivas, peixes e arraias

 

Acidentes por outros animais peçonhentos

 

 

 

 


 

Como prevenir acidentes com animais peçonhentos

 

O risco de acidentes com animais peçonhentos pode ser reduzido tomando algumas medidas gerais e bastante simples para prevenção:

  • usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
  • examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las;
  • afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários;
  • não acumular entulhos e materiais de construção;
  • limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
  • vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;
  • utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos;
  • manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e celeiros;
  • evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada;
  • limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas.

 

Proteção individual para prevenir acidentes com animais peçonhentos

  • No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade.
  • Não mexer em colmeias e vespeiros. Caso estejam em áreas de risco de acidente, contatar a autoridade local competente para a remoção.
  • Inspecionar calçados, roupas, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes antes de usá-los.
  • Afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários.

 

Proteção da população para prevenir acidentes com animais peçonhentos

  • Não depositar ou acumular lixo, entulho e materiais de construção junto às habitações.
  • Evitar que plantas trepadeiras se encostem às casas e que folhagens entrem pelo telhado ou pelo forro.
  • Não montar acampamento próximo a áreas onde normalmente há roedores (plantações, pastos ou matos) e, por conseguinte, maior número de serpentes.
  • Evitar piquenique às margens de rios, lagos ou lagoas, e não encostar-se a barrancos durante pescarias ou outras atividades.
  • Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede e terrenos baldios (sempre com uso de EPI).
  • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés.
  • Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos.
  • Manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros.
  • Controlar roedores existentes na área e combater insetos, principalmente baratas (são alimentos para escorpiões e aranhas).
  • Caso encontre um animal peçonhento, afaste-se com cuidado e evite assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto, e procure a autoridade de saúde local para orientações.

 

Orientação ao trabalhador na prevenção de acidentes com animais peçonhentos

  • Usar luvas de raspa de couro e calçados fechados, entre outros equipamentos de proteção individual (EPI), durante o manuseio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos de cimento); transporte de lenhas; movimentação de móveis; atividades rurais; limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, entre outras atividades.
  • Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer.
  • Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nesses lugares, usar um pedaço de madeira, enxada ou foice.
  • Os trabalhadores do campo devem sempre utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas ou perneiras, evitar colocar as mãos em tocas, montes de lenha, folhas e cupinzeiros.

 


 

O que fazer em caso de acidente com animais peçonhentos

 

  • Procure atendimento médico imediatamente.
  • Informe ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo de animal, cor, tamanho, entre outras.
  • Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão (exceto em acidentes por águas-vivas ou caravelas), mantenha a vítima em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada ao pronto socorro.
  • Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados.
  • Não amarre (torniquete) o membro acometido e, muito menos, corte e/ou aplique qualquer tipo de substancia (pó de café, álcool, entre outros) no local da picada.
  • Especificamente em casos de acidentes com águas-vivas e caravelas, primeiramente, para alívio da dor inicial, use compressas geladas de água do mar (ou pacotes fechados de gelo – “cold packs” – envoltos em panos, se disponível). A remoção dos tentáculos aderidos à pele deve ser realizada de forma cuidadosa, preferencialmente com uso de pinça ou lâmina. Procure assistência médica para avaliação clínica do envenenamento e, se necessário, realização de tratamento complementar.
  • Não tente “chupar o veneno”, essa ação apenas aumenta as chances de infecção local.

 

ATENÇÃO:  Não faça, em hipótese alguma, torniquete ou garrete; não fure, corte, esprema ou faça sucção no local da picada; não coloque folhas, pó de café, pomadas, fumo ou urina no local da picada; não tome nem aplique bebidas alcoólicas no local.

 


 

Diagnóstico e tratamento de acidentes com animais peçonhentos

 

O diagnóstico é realizado com base na identificação do animal causador do acidente. Em alguns casos, há recomendação de exame complementar. O tratamento é sintomático e com soro antiveneno, de acordo com cada espécie e com cada situação. Todos os tratamentos e atendimentos são oferecidos, de forma integral e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Dependendo dos sintomas, podem ser adotadas medidas para alívio da dor, como compressas mornas (acidentes por aranha-armadeira e viúva-negra). Havendo ou não melhora, o paciente deve ser levado ao serviço de saúde mais próximo para ser avaliada a necessidade de administração de soro específico.

 

Primeiros socorros em caso de acidentes

 

Lavar o local da picada com água e sabão; não fazer torniquete ou garrote, não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida, nem aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções; não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país; levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento adequado em tempo.

 


 

Utilização racional de antivenenos

 

Nos últimos anos foram registrados no Brasil cerca de 140 mil acidentes por animais peçonhentos, dentre serpentes, aranhas, escorpiões, lagartas, abelhas e outros animais em menor proporção.

O Ministério da Saúde, desde 1986, adquire toda a produção de antivenenos dos quatro produtores nacionais (Instituto Butantan, Instituto Vital Brazil, Fundação Ezequiel Dias e Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos). Mensalmente, o Ministério da Saúde distribui as cotas de antivenenos aos Estados, levando em consideração critérios epidemiológicos, que são as notificações de acidentes por animais peçonhentos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

Tais antivenenos, utilizados de forma adequada, são a forma mais eficaz de neutralização da peçonha do animal causador do acidente. Para tanto, é de fundamental importância a disponibilização desses antivenenos em quantidade suficiente e em locais oportunos, visando-se diminuir o tempo decorrente entre o acidente e o atendimento médico adequado.

Atualmente, os laboratórios produtores de antivenenos no Brasil estão em processo de adequação às Boas Práticas de Fabricação (BPF) da ANVISA, razão pela qual a distribuição dos 9 (nove) antivenenos disponíveis no Brasil às UF’s está sendo feita de forma ainda mais criteriosa, tendo como base além dos critérios clínico-epidemiológicos, os estoques disponíveis no Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (CENADI).

 


 

Publicações

 


 

Artigos científicos sobre animais peçonhentos

 

Epidemiological surveillance of distribution of the caterpillar Lonomia obliqua Walker, 1855, in the State of Paraná, Brazil
Gisélia Burigo Guimarães Rubio
Divisão de Zoonoses e Animais Peçonhentos,Centro de Saúde Ambiental . Rua Piquiri 170, Curitiba, PR 80230-140, Brasil E-mail: sesacsa@pr.gov.br  

Por Emanuel Marques da Silva - Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública.

Rosany Bochner 1, Claudio José Struchiner2
1 Centro de Informação Científica e Tecnológica, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Brasil 4365, Rio de Janeiro, RJ 21045-900, Brasil. E-mail: rosany@cict.fiocruz.br. 2 Programa de Computação Científica, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Brasil 4365, Rio de Janeiro-RJ 21045-900, E-mail brasil.stru@malaria.procc.fiocruz.br

Celina Schmidel Nunes1, Paula Dias Bevilacqua2  ,Cássius Catão Gomes Jardim1
1 Distrito Sanitário, Noroeste, Secretaria Municipal da Saúde.Avenida Dom Pedro II 307, Bairro Carlos Prates,

Euscorpius — Occasional Publications in Scorpiology. 2003, No. 4
Victor Fet1, Benjamin Gantenbein2, Alexander V. Gromov3, Graeme Lowe4 and Wilson R. Lourenço 5
1Department of Biological Sciences, Marshall University, Huntington, West Virginia 25755-2510, USA. 2Institute of Cell, Animal and Population Biology, University of Edinburgh, West Mains Road, Edinburgh
EH9 3JT, United Kingdom. 3Institute of Zoology, Al-Farabi 93, Akademgorodok, Almaty 480060, Kazakhstan. 4Monell Chemical Senses Center, 3500 Market St., Philadelphia, Pennsylvania 19104-3308, USA. 5Département de Systématique et Evolution, Section Arthropodes (Arachnologie), Muséum National d’Histoire Naturelle, 61, rue de Buffon, 75005 Paris, France.

Marta L. Fischer a,b,c João Vasconcellos-Netoc
a Departamento de Biologia, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Av. Silva Jardim 1664/1101 CEP. Curitiba 80250-200, Brazil. b Núcleo de Estudos do Comportamento Animal-Grupo de Pesquisa Biologia ambiental CNPq/PUCPR, Brazil. c Departamento de Zoologia Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) C.P. 6109 Campinas, S.P. CEP 13083-970, Brazil.

Candido D. M.1; Lucas S.1 - Laboratório de Artrópodes, Instituto Butantan

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical
35(4): 359-363, jul-ago, 2002.
Marcely Regina Martins Soares1 , Cristiano Schetini de Azevedo1 and Mário De Maria1

1. Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.

Endereço para correspondência: Dra Marcely Regina Martins Soares. Laboratório de Aracnologia/Depto de Zoologia/ICB/UFMG. Av. Antônio Carlos 6627, Pampulha, 31270-907 Belo Horizonte, MG, Brasil. Tel: 55 31 3499-2916; Fax: 55 31 3499-2899. E-mail: aracnologia_ufmg@yahoo.com.br

Envenomation by Tityus stigmurus (Scorpiones; Buthidae) in Bahia, Brazil
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 33(3):239-245, mai-jun, 2000.
Rejâne Maria Lira-da-Silva, Andréa Monteiro de Amorim e Tania Kobler Brazil
Laboratório de Animais Peçonhentos do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil. Endereço para correspondência: Profª Rejâne Maria Lira da Silva. Deptº de Zoologia/Instituto de Biologia/UFBA, Campus Universitário de Ondina, 40170-210 Salvador, BA, Brazil.
E-mail: rejane@ufba.br

J. Venom. Anim. Toxins v.7 n.1 Botucatu 2001 
W. R. Lourenço - Laboratoire de Zoologie (Arthropodes), Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris, France.

J. Venom. Anim. Toxins v.6 n.2 Botucatu 2000 
L. de Sousa , P. Parrilla-Alvarez , M. Quiroga
1 Grupo de Biomedicina Aplicada (GBA), Centro de Investigaciones en Ciencias de la Salud (CICS), Universidad de Oriente, Núcleo de Anzoátegui, Puerto La Cruz, Venezuela; 2 Postgrado en Biología Aplicada, Escuela de Ciencias, Universidad de Oriente, Núcleo de Sucre, Cumaná, Venezuela and 3 Laboratorio de Alacranología, Escuela de Medicina, Universidad de Oriente, Núcleo de Bolívar, Ciudad Bolívar, Venezuela.

J. Venom. Anim. Toxins v. 2 n. 2 Botucatu 1996 
V. R. D. von Eickstedt , L. A. Ribeiro , D. M. Candido , M. J. Albuquerque , M. T. Jorge
1 Laboratory of Venomous Arthropods of the Butantan Institute, State of São Paulo, Brazil; 2 Vital Brazil Hospital of the Butantan Institute, State of São Paulo, Brazil; 3 State of São Paulo Health Department, Brazil; 4 Federal University of Uberlândia, State of Minas Gerais, Brazil.

J. Venom. Anim. Toxins v. 1 n. 2 Botucatu 1995
W.R. Lourenço , O. Cuellar 2.
1 Société de Biogéographie, Paris, France, 2 Department of Biology, The University of Utah, 201 Biology Building, Salt Lake City, Utah, U.S.A.

 


Unidades que realizam soroterapia

 

 

FONTE: SESA E MINISTÉRIO DA SAÚDE