Febre Maculosa

Febre Maculosa Brasileira CID10: A77.0

 
Informe Epidemiológico
 
2024
 
Janeiro

 

 

 

Aspectos Clínicos e Epidemiológicos

 

A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. Ela pode variar desde as formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. A febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato.

Os principais sintomas da Febre Maculosa são:

  • Febre alta e súbita;
  • Cefaleia;
  • Hiperemia conjuntival;
  • Dor muscular e articular;
  • Mal-estar;
  • Dores abdominais;
  • Vômito;
  • Diarreia;
  • Exantema.

 

A Febre Maculosa, se não tratada adequadamente, pode evoluir para quadros graves e levar a pessoa à morte.

 


 

Agente Etiológico

 

Bactéria pertencente à ordem Rickettsiales, da família Rickettsiaceae e do gênero Rickettsia. No Brasil está associada a duas espécies de riquétsia: Rickettsia rickettsii e Rickettsia parkeri.

 


 

Reservatório

 

 

 

 

 

 

A Febre Maculosa é uma doença causada pela picada do carrapato

Carrapato

 


 

Vetores

 

No Brasil, os carrapatos de maior importância na transmissão da bactéria são do gênero Amblyomma, sendo segundo Labruna et al.,(2011):

  • Amblyomma aureolatum;
  • Amblyomma dubitatum;
  • Amblyomma ovale;
  • Amblyomma sculptum (Amblyomma cajennense sensu lato)

 

Os equideos, roedores como a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), e marsupiais como o gambá (Didelphis sp) têm importante participação no ciclo de transmissão de febre maculosa e há estudos recentes sobre o envolvimento destes animais como amplificadores de riquétsias, assim como transportadores de carrapatos potencialmente infectados.

 


 

Modo de Transmissão

 

Picada do carrapato infectado pela bactéria do gênero riquétsia (Rickettsia rickettsii e Rickettsia parkeri). Há também a possibilidade de que a transmissão da bactéria ocorra no momento em que os carrapatos infectados e aderidos à pele dos hospedeiros forem retirados com as mãos desprotegidas, além do habito que se tem de esmagá-los com as unhas, ação que pode expor o homem à hemolinfa dos carrapatos infectados provocando a transmissão do patógeno (FACCINI-MARTINEZ et al., 2014)

 


 

Período de Incubação

 

De dois a 14 dias, com média de sete dias após a picada do carrapato.

 


 

Período de Transmissibilidade

 

Após a picada do carrapato, estima-se que o tempo médio necessário para que ocorra a inoculação da bactéria seja em torno de 4 a 6 horas de parasitismo, mas dependerá de cada espécie de carrapato.

 


 

Complicações

 

Manifestações sistêmicas que incluem edema, anasarca, insuficiência renal, manifestações neurológicas, hemorragias, miocardite, insuficiência respiratória, hipotensão e choque.

 


 

Fatores de Risco

 

Os principais fatores de risco que aumentam as chances de se contrair a infecção por Febre Maculosa são:

  • Viver em uma área onde a doença é comum, como locais rurais ou arborizados.
  • Convivência com cachorro, cavalo ou outros animais domésticos.
  • Se um carrapato infectado se prender à sua pele, é possível contrair febre maculosa ao remover o carrapato, pois o fluido do carrapato pode entrar no seu corpo por meio de uma abertura como o local da picada.

Para diminuir os riscos de infecção, em caso de exposição a carrapatos, siga os seguintes passos:

  • Ao remover um carrapato da sua pele, use uma pinça para agarrá-lo e remova-o cuidadosamente.
  • Trate o carrapato como se estivesse contaminado: mergulhe-o em álcool ou jogue no vaso sanitário.
  • Limpe a área da mordida com anti-séptico.
  • Lave bem as mãos.

 

IMPORTANTE:  A incidência da Febre Maculosa  é mais comum em pessoas que vivem ou frequentam áreas rurais infestadas por carrapatos. além disso, estar em contato com animais como capivaras, cavalos, vacas e cachorros com carrapatos também aumenta o risco de contrair a doença.

 


 

Diagnóstico

 

Diante de toda inespecificidade da interpretação dos sintomas clínicos a anamnese do paciente é de extrema importância para obter diagnóstico precoce, fundamental avaliação dos fatores de risco e epidemiológico aos quais o paciente foi exposto nos últimos 14 dias, porém para confirmação será necessário a utilização de exames específicos.

 

Diagnóstico Laboratorial

  • Exames específicos: Reação de imunofluorescência indireta (RIFI) é estabelecido pelo aparecimento de anticorpos específicos, que aumentam em título com a evolução da doença, no soro de pacientes, são realizadas duas coletas, sendo a primeira no início dos sintomas e a segunda 14 a 21 dias após a primeira coleta. Pesquisa direta da riquétsia: Imuno-histoquímica, biologia molecular e isolamento da riquétsia.
  • Exames inespecíficos e complementares: Hemograma e enzimas. Observação: Detalhamento dos exames estão disponíveis na nota técnica 0001/2019FebreMaculosa.

 

Diagnóstico Diferencial

  • A inespecificidade sintomática do início nos sugere leptospirose, dengue, hepatite viral, salmonelose, meningoencefalite, malária e pneumonia por Mycoplasma pneumoniae. Com o surgimento de exantema, influi-se meningococcemia, sepse por estafilococos e por gram-negativos, viroses exantemáticas (enteroviroses, mononucleose infecciosa, rúbeola, sarampo), outras riquetsioses do grupo do tifo, erliquiose, borreliose (doença de Lyme), febre purpúrica brasileira, farmacodermia, doenças reumatológicas (como lúpus), entre outras.

 


 

Características epidemiológicas

 

A Febre Maculosa Brasileira e outras riquetsioses têm sido registradas em áreas rurais e urbanas no Brasil. A maior concentração dos casos é verificada nas regiões Sudeste e Sul, onde de maneira geral ocorre de forma esporádica. Acomete a população economicamente ativa (20-49 anos), principalmente homens, que relataram a exposição a carrapatos, animais domésticos e/ou silvestres ou frequentaram ambientes de mata, rio ou cachoeira.

 


 

Tratamento

 

A precocidade na introdução do antibiótico específico, determinará o sucesso no tratamento. O antimicrobiano recomendado pelo Ministério da Saúde, de primeira escolha é Doxiciclina em todos os casos suspeitos de infecção pela Rickettsia rickettsii e de outras riquetsioses, independente da faixa etária e da gravidade da doença e na impossibilidade de sua utilização oral ou injetável, preconiza-se o cloranfenicol como droga alternativa. Importante lembrar que inicia-se o tratamento na suspeita, não se espera a confirmação laboratorial, a qual pode levar até 60 dias para obter-se o resultado no estado do Paraná.

 


 

Notificação

 

Todo caso suspeito requer notificação imediata, registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), através do preenchimento da Ficha de Investigação da Febre Maculosa.