Remoção mecânica de focos reduz drasticamente índices de dengue em Nova Cantu, Florestópolis e Quinta do Sol 03/03/2020 - 18:30

Boletim Dengue
A ação efetiva da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) com os municípios de Nova Cantu, Quinta do Sol e Florestópolis diminuiu substancialmente os índices de focos e infestação do mosquito da dengue. A remoção mecânica, em contramão à utilização de produtos químicos como o fumacê, vem demonstrando maior efetividade nos resultados.

Em Nova Cantu, cidade com população de 5.550 na região centro-oeste do Paraná, a epidemia de dengue foi revertida.

Após a atividade realizada, com o apoio de profissionais da Sesa e dos municípios, os índices de incidência e notificação de casos despencaram. Desde final de janeiro, nenhum caso de dengue foi notificado pelo município, que chegou a 589 pessoas doentes, equivalente a 11% da população.

“Estes exemplos são marcantes de resultados reais de ação mecânica, da remoção dos criadouros e do trabalho técnicos das equipes. A queda foi drástica e tivemos sucesso na eliminação dos focos. Temos que ampliar este trabalho para as demais regiões do Estado. Estamos alcançando resultados positivos. Mas precisa ainda da ajuda de todos”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
A força-tarefa coordenada pela Sesa foi composta por técnicos do Estado e dos municípios da região de Campo Mourão, e agentes de endemias e comunitários de saúde.

Em nove de dezembro, o coordenador do Sistema de Informação da Dengue (SISPNCD) da Sesa, José Carlos Martins, trabalhou durante uma semana com mais 48 pessoas fazendo uma varredura em Nova Cantu. “Fomos chamados para ver o que ocorria. O índice de infestação predial estava baixo e os casos só aumentavam, algo não estava de acordo.”

ARRASTÃO – A equipe iniciou a semana de atividades reconhecendo a estrutura da cidade e na sequência todos as residências e edificações foram vistoriadas. “Cerca de quatro mil imóveis entre casas, prédios comerciais e institucionais. Mas caminhando por uma das primeiras ruas percebi que era uma cidade com casas antigas, em madeira e que pela idade das residências, deveria ter poço para retirada de água”, descreve Martins.
 
Veja o em números, o crescimento e reversão da epidemia de dengue em Nova Cantu:
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A taxa de incidência apresentada no gráfico representa o número de casos autóctones confirmados de dengue para cada 100 mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Os casos autóctones são os que a pessoa foi infectada na cidade onde reside.

Na ação foram encontrados 12 poços com muitos mosquitos, potenciais criadouros do Aedes. “Então passamos de imóvel em imóvel para um tratamento intenso com os moradores de Nova Cantu. Enquanto uma parte da equipe conversava com o morador explicando a ação e instruindo para a prevenção, outra verificava e recolhia objetos passíveis de acúmulo de água, técnicos aplicavam larvicida em locais onde não era possível esvaziar a água e outro grupo passava o inseticida costal”, comenta o coordenador José Carlos.

Há mais ou menos 40 dias, nenhum caso de dengue foi notificado no município de Nova Cantu, ou seja, estamos sem registros da doença na cidade. Em Quinta do Sol e Florestópolis, após a realização do mesmo trabalho, os dados mostram a tendência de queda nos registros dos dois municípios, em Quinta do Sol temos menos de 80 casos e Florestópolis está com cerca de 50 casos em investigação. Quatro semanas atrás o cenário era outro,145 estavam em investigação em Quinta do Sol e quase 200 em Florestópolis.

Outras cidades também já receberam a equipe para reforçar a eliminação de criadouros. Durante esta semana, os técnicos do Estado estão em Barbosa Ferraz fazendo o arrastão pelo município.

Dados – Mesmo com todas as ações de combate, coordenadas pelo Comitê Intersetorial da Dengue no Paraná, com a participação das secretarias e órgãos públicos do estado, secretarias municipais de saúde e de entidades da sociedade civil organizada, os dados da dengue seguem aumentando no Estado.

O boletim da dengue divulgado nesta terça-feira (3) pela Secretaria da Saúde do Paraná confirma que o Estado passa agora para o patamar de epidemia com 44.441 casos confirmados da doença e 113.488 casos notificados. O aumento semanal nos dois indicadores é de 27,32% e de 18,3%, respectivamente.

Os óbitos por dengue também aumentaram nesta semana; de 23 para 30. São 7 novos óbitos confirmados que atingem pessoas de várias faixas etárias: uma adolescente de 14 anos, de Marechal Cândido Rondon, portadora de doença autoimune; um homem de 33 anos, de Guaíra, sem comorbidades; uma mulher de 45 anos, de Medianeira, com obesidade e artrose; outra mulher de 45 anos, de Alto Paraná, com hipertensão e lúpus; uma mulher de 66 anos, de Barbosa Ferraz, com diabetes, hipertensão e doença cardíaca; um homem de 72 anos, de Nova Esperança, com doença renal crônica e um homem de 95 anos, de Colorado, com hipertensão arterial.

A situação de epidemia no Paraná também é confirmada pela incidência que é hoje de 336,21 por 100 mil habitantes. A incidência, no mesmo período, entre 2015/2016 era de 82,9 por 100 mil habitantes.

No total, 106 municípios estão em epidemia, 15 a mais que na semana anterior. Estão em situação de alerta para a dengue 47 municípios, 14 entraram para esta relação a partir da publicação do boletim de hoje.

Nesta semana a Sesa está fazendo a distribuição para os municípios de unidades de larvicida (pyriproxyfen), produto usado por agentes de vigilância na remoção de criadouros. A larvicida foi enviado pelo Ministério da Saúde e os municípios receberão de acordo com a necessidade apontada pelo registro de casos e atividades programadas.